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domingo, 14 de março de 2021

Sobre a nova edição do livro Economia da ciência, tecnologia e inovação

Recebi com enorme satisfação o convite dos organizadores para participar da segunda edição, revista e ampliada, do livro Economia da ciência, tecnologia e inovação: fundamentos teóricos e a economia global, editado pelos meus colegas e professores Márcia Rapini, Janaina Ruffoni, Leandro Alves Silva e Eduardo da Motta e Albuquerque.

Lançado originalmente em 2017, por iniciativa de pesquisadores do Cedeplar-UFMG, o livro reuniu contribuições de autores ligados a diferentes instituições universitárias. Oferecia uma apresentação de um amplo leque de temas sobre a relação entre o progresso tecnológico e o desenvolvimento econômico. Inspirados numa abordagem schumpeteriana ou evolucionária, os autores dos quinze capítulos da obra buscavam sistematizar os diversos aspectos daquela relação, além de abordar alguns tópicos de fronteira nos estudos da área. Paralelamente, o volume pretendia servir como livro-texto de apoio ao ensino de disciplinas de economia da ciência e tecnologia ou de economia industrial nos cursos de graduação e pós-graduação, cobrindo assim uma lacuna sentida pelos professores destas disciplinas (ver a resenha de Antonio Carlos Diegues sobre esta primeira edição, publicada na Revista Brasileira de Inovação).

Nesta segunda edição, outros dez capítulos foram adicionados aos originais, agora revistos a luz da experiência de seu uso desde o lançamento da primeira edição. O volume passou a integrar a coleção População & Economia, editada pelo Cedeplar, e reúne agora vinte e cinco textos, que têm os mesmos objetivos que pautaram a edição anterior. O lançamento foi realizado em 23 de fevereiro e contou com a participação inspirada do Prof. Clélio Campolina Diniz (o registro em vídeo do evento está disponível no youtube).

Entre os novos capítulos, os organizadores decidiram incluir um artigo que publiquei há algum tempo e que, no juízo destes colegas, continua sendo útil. Ele procura localizar o surgimento da teoria evolucionista "a partir de pesquisas empíricas sobre inovações tecnológicas e transformações institucionais em diferentes países, que deixaram claro as dificuldades de reconciliar os princípios centrais das teorias convencionais com os resultados obtidos nessas investigações". Em paralelo, apresento as principais características da abordagem evolucionista em economia, comparando-as com as de abordagens ditas sistêmicas adotadas em outras ciências.

O livro está com acesso aberto no site do Cedeplar. Meu capítulo -- A economia evolucionista: um capítulo sistêmico da teoria econômica? -- também pode ser facilmente obtido por meio do RePEc, a exemplo de todos demais, basta só seguir este link e clicar em download.
 
Boa leitura.
 
 
Economia da ciência, tecnologia e inovação: fundamentos teóricos e a economia global


 

terça-feira, 2 de julho de 2019

Ortodoxos e heterodoxos em economia

Diz-se que os economistas dividem-se em ortodoxos e heterodoxos. Isso muita gente sabe.

Há quem pense que a divisão é uma criação recente e tipicamente nacional. Enganam-se. É antiga e continua presente em outras partes do mundo.

Este achado do François Alisson (@F_Alisson) é precioso: uma definição proposta em 1863 por P.-O. Protin em seu Les économistes appréciés, ou Nécessité de la protection (Paris: Dentu, 1863).
Diz o seguinte:

"Il y a des économistes qui se sont arrêté à Adam Smith, Ricardo, Malthus , Rossi, J.-B. Say, et qui disent : la science est faite ; nous n'avons plus qu'à en répandre les bien faits, à la vulgariser, en la rectifiant sur quelques points secondaires. Ce sont les fidèles ou orthodoxes.
D'autres, plus hardis ou plus aventureux, ne consentent pas à s'en tenir aux théories des maîtres, parce qu'ils les trouvent insuffisantes, défectueuses même en plus d'un endroit. Ce sont les infidèles ou hétérodoxes. Ce n'est pas arbitrairement que nous établis sons cette distinction dans l'École : ce sont les économistes eux-mêmes qui se sont ainsi dé finis."

Mal e porcamente traduzido (alguém corrija o que couber, por favor):
"Há economistas que pararam em Adam Smith, Ricardo, Malthus, Rossi, J.-B. Say, e que dizem: a ciência está feita; temos apenas que espalhar os benefícios, popularizá-los, corrigindo-os em alguns pontos secundários. Estes são os fiéis ou ortodoxos.
Outros, mais ousados ou mais aventureiros, não consentem em se ater às teorias dos mestres, porque as consideram inadequadas, e até mesmo defeituosas em mais de um aspecto. Eles são os infiéis ou heterodoxos.
Não é arbitrariamente que estabelecemos essa distinção na Escola: são os próprios economistas que se definiram assim."

É ou não é uma beleza? Link pra quem quiser seguir o fio.



segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Previsões, ciência e economia

A maioria das pessoas não hesitaria em reconhecer como uma das características distintivas do conhecimento científico o seu sucesso preditivo, a capacidade que a ciência tem de produzir previsões corretas sobre o comportamento do mundo a partir de um conjunto determinado de leis ou hipóteses.

Costumo tomar este ponto como mote para dar início aos cursos de metodologia da economia que vez por outra leciono. A provocação consiste em fazer com que os alunos vejam que, por este critério, dificilmente poderíamos considerar a economia uma ciência, pois são frequentes, reiterados e excessivos os erros das projeções feitas com base nos mais "renomados" modelos econométricos.

O objetivo da provocação não é pura e simplesmente desabonar a economia, mas por em questão o modo como nos acostumamos a pensar a ciência, a definir o que é científico ou não, mostrando que boa parte dos critérios usualmente adotados para definir o que é ciência não se sustenta, não fica de pé após um exame, mesmo que ligeiro. Se a economia tal como é praticada é ou não uma ciência, continua a ser uma boa questão, mas a resposta não pode prescindir de uma definição segura do que torna um conhecimento qualquer passível de ser considerado científico. E, ao contrário do que pensam o senso comum e os economistas, esta questão está longe de ter uma resposta simples ou clara, que é o que procuro mostrar ao longo do restante do curso.

Mas, volta e meia alguma aluna mais esperta esbarra na pergunta que não quer calar: se a economia fracassa tanto do ponto de vista preditivo, por que é que os economistas continuam usando seus modelos com fins preditivos? E, mais ainda, por que é que empresas, bancos e governos continuam empregando economistas (mas também engenheiros, físicos e matemáticos) pra produzirem previsões sobre, digamos, a taxa de juros ou de câmbio que prevalecerá daqui a dois ou três anos? (isso pra ficar em exemplos de previsões corriqueiras e aparentemente pouco ambiciosas, mas em relação às quais os erros são abundantes e habituais).

A resposta a estas questões renderia um outro curso, que eu nunca ofereci. Ou, melhor ainda, renderia um amplo projeto de pesquisa. Não pude deixar de pensar nisso quando, hoje, esbarrei neste texto do Arrow, um trecho que eu ainda não conhecia e que está citado neste post do Lars Syll. Ele poderia muito bem servir de mote pra um curso ou pesquisa deste tipo:
"It is my view that most individuals underestimate the uncertainty of the world. This is almost as true of economists and other specialists as it is of the lay public. To me our knowledge of the way things work, in society or in nature, comes trailing clouds of vagueness (…) Experience during World War II as a weather forecaster added the news that the natural world as also unpredictable. An incident illustrates both uncertainty and the unwillingness to entertain it. Some of my colleagues had the responsibility of preparing long-range weather forecasts, i.e., for the following month. The statisticians among us subjected these forecasts to verification and found they differed in no way from chance. The forecasters themselves were convinced and requested that the forecasts be discontinued. The reply read approximately like this: ‘The Commanding General is well aware that the forecasts are no good. However, he needs them for planning purposes.’"



segunda-feira, 3 de junho de 2013

IV Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico

A exemplo do que aconteceu nos últimos três semestres, realizaremos em 2013 mais um Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico
Trata-se do quarto evento de uma série organizada pelo Cedeplar-UFMG, através do seu Grupo de Pesquisa em Metodologia e História do Pensamento Econômico, e que visa promover uma maior integração entre os pesquisadores brasileiros das áreas de HPE e Metodologia da Economia, além de consolidar o Cedeplar como locals de referência no Brasil para todos aqueles envolvidos nessas duas áreas de pesquisa.

Estão previstas três sessões, que serão realizadas na manhã e tarde do dia 12 de junho (quarta-feira):

9h30 - 11h30
Convidado: Prof. Pedro Cezar Dutra Fonseca (UFRGS)
Tema: A gênese do desenvolvimentismo latino-americano
Texto-base da apresentação: Gênese e precursores do desenvolvimentismo no Brasil

14h00 - 16h00
Convidado: Prof. David Dequech (Unicamp)
Tema: As instituições da economia como disciplina e instituições na economia como objeto
Texto-base da apresentação: será divulgado oportunamente

16h15 - 18h15
Convidado: Prof. Pedro Garcia Duarte (USP)
Tema: Economics at MIT and its graduate networks: the early years
Texto-base da apresentação: será divulgado oportunamente






Os seminários serão abertos aos interessados e acontecerão no auditório 4 da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (ver o mapa). O evento conta com o apoio financeiro do Programa de Apoio Institucional a Eventos da UFMG (PAIE).

PS em 15/06/13: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário:


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Metodologia da Economia: o curso da Profa. Ana Maria Bianchi

Não são todos os cursos de economia no Brasil que oferecem disciplinas de Metodologia da Economia, isto é, disciplinas sobre fundamentos epistemológicos e metodológicos da teoria econômica. São ainda em menor número os cursos que podem contar com uma professora com a experiência e a competência de Ana Maria Bianchi. Professora do Departamento de Economia da FEA-USP entre 1976 e 2011, ela foi coordenadora do Programa de Pós-graduação em Economia daquela Universidade e representante da área de Economia junto à Capes. É autora de dezenas de artigos e capítulos de livros sobre a história do pensamento econômico, a metodologia da ciência econômica e a economia do trabalho. Em junho de 2011, Ana Maria aposentou-se, mas continuou vinculada à USP como professora voluntária.

Nesse ano, ela está oferecendo uma disciplina regular de graduação sobre Metodologia da Economia, que será filmada e disponibilizada no YouTube. Uma excelente oportunidade para quem quiser ter uma introdução abrangente e cuidadosa aos temas dessa disciplina.

O curso começou no dia 27/02/13 e terminará no final de junho. Depois de discutir os fundamentos da ciência econômica do ponto de vista da teoria do conhecimento e a da metodologia, o curso contemplará teorias de economistas que se debruçaram sobre questões metodológicas, entre os quais Stuart Mill, Lionel Robbins e Milton Friedman. A última seção do programa cobrirá algumas questões do debate contemporâneo, como a natureza retórica de economia e os avanços no campo da economia comportamental.

Assista abaixo o vídeo da primeira aula. As demais aulas podem ser encontradas aqui.



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

III Ciclo de seminários: Marco Cavalieri fala sobre o lugar de Veblen na academia americana

Vai chegando ao final o III Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico promovido pelo Cedeplar. Na segunda-feira, dia 26 de novembro, realizaremos o último evento dessa série, para o qual convidamos o Prof. Marco Antonio Ribas Cavalieri, da UFPR.

Marco Cavalieri é um dos excelentes alunos que passaram pelo Cedeplar e, mais que tudo, um bom amigo. Cursou aqui seu doutorado em economia, tendo defendido uma tese sobre o pensamento e o tempo de Veblen, trabalho que foi orientado por João Antonio de Paula e ganhou o Prêmio UFMG de Teses em 2010.

No texto que servirá de base para seu seminário, Marco volta a examinar a obra de Veblen e discute o lugar que ele ocupava entre os economistas americanos de seu tempo. Analisando a  audiência, o contexto e a estrutura da argumentação empregada por aquele autor em textos publicados entre 1898 e 1909, Marco propõe uma interpretação da estratégia retórica que ele adotou para criticar e, ao mesmo tempo, "reinventar a tradição" do pensamento econômico que o antecedeu.

O seminário será aberto a participação de todos os interessados e acontecerá na segunda, 26/11, às 14h30, no auditório 2 da FACE-UFMG. Estão todos convidados!



Veblen entre economistas


PS em 03/12/12: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário:


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

III Ciclo de seminários: Claudia Heller discute a função emprego de Keynes

Claudia Heller
Nessa semana daremos continuidade ao III Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico do Cedeplar. Para apresentar o segundo evento dessa série, convidamos a Profa. Claudia Heller, que virá a Belo Horizonte no dia 17/10, quarta-feira, para nos falar sobre Keynes e a função emprego.

Claudia Heller é professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Sua pesquisa acadêmica gira em torno de temas de teoria econômica e de história do pensamento econômico.

Ela é autora de artigos sobre Keynes, Hicks, Harrod e Robinson, além de um livro premiado - Oligopólio e Progresso Técnico no Pensamento de Joan Robinson (São Paulo: Hucitec, 2000) -, que resultou de sua tese de doutoramento em Economia na Unicamp.

Os textos que servirão de apoio a sua apresentação já estâo disponíveis para consulta: O modelo Z-D e a função emprego e Keynes's slip of the pen. Como sempre, o seminário será aberto a participação de todos os interessados.


Keynes e a função emprego


PS em 31/10/12: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sobre o Nobel de Economia

Está aberta a temporada de anúncio dos ganhadores do Prêmio Nobel. Já foram divulgados os nomes dos ganhadores dos prêmios de física, medicina e química. Resta saber quem vai levar a premiação em literatura e pela paz. E, é claro, resta saber também quem será o ganhador do Nobel em economia.

Ocorre que, a rigor, não existe um prêmio Nobel de economia: essa disciplina não foi mencionada no testamento de Alfred Nobel que estabeleceu a criação do prêmio. Porém, em 1968 o Sveriges Riksbank - o banco central da Suécia - decidiu fazer uma doação a Fundação Nobel para permitir a criação de uma premiação em memória de Alfred Nobel e destinada a homenagear os economistas que deram contribuições relevantes para o desenvolvimento de sua disciplina. Algo no mesmo espírito, portanto, do Prêmio Nobel de outras áreas. De lá para cá, a Real Academia de Ciências da Suécia já escolheu 69 ganhadores em 43 edições do Prêmio. No próximo dia 15 de outubro, segunda-feira, será indicado o nome do ganhador (ou dos ganhadores) do Prêmio em 2012. As apostas já estão abertas.

O que pouca gente sabe é que razões que levaram o banco central sueco a criar esse prêmio e que consequências ele teve para a profissão de economista. Esse é justamente o tema do comentário de Phil Mirowski no vídeo abaixo, que vale a pena ser visto, especialmente nesse período.




Philip Mirowski é professor de economia e de história e filosofia da ciência na University of Notre Dame. É o autor de alguns dos mais interessantes trabalhos em história do pensamento econômico, metodologia da economia e economia da ciência. De More heat than light (1989) a Machine dreams (2001), de The effortless economy of science? (2004) a ScienceMart™ (2010), sua pesquisa enfatiza as relações entre a economia e as outras ciências, bem como as relações entre essas disciplinas e o contexto social mais amplo em que se desenvolveram. Seu texto é sempre instigante e repleto de ideias novas e ousadas. Uma leitura que faz pensar, mesmo que nem sempre se possa concordar com o argumento. Para conhecer um pouco mais sobre sua biografia e seu trabalho, esse texto é um bom começo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

III Ciclo de seminários: Leopoldo Waizbort discute a teoria do dinheiro de Simmel

Nessa segunda-feira, 03/09/12, daremos início ao III Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico. Trata-se de uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Metodologia e História do Pensamento Econômico do Cedeplar, que pretende alcançar dois objetivos. Em primeiro lugar, estabelecer uma maior integração entre os pesquisadores atuantes no Brasil nas áreas de História do Pensamento Econômico e Metodologia da Economia, possibilitando a criação e consolidação de laços de cooperação acadêmica inter-institucional. Em segundo lugar, estabelecer o Cedeplar e a UFMG como centros de referência no Brasil para todos aqueles envolvidos nessas duas frentes de pesquisa, sejam eles professores, pesquisadores ou estudantes de graduação e pós-graduação.

Nessa segunda-feira, receberemos o Prof. Leopoldo Waizbort, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, que apresentará um seminário sobre a teoria do dinheiro na obra de Georg Simmel.  O Prof. Leopoldo é autor de diversos trabalhos sobre o grande cientista social e filósofo alemão, dentre os quais destaca-se o volume As aventuras de Georg Simmel, publicado pela Editora 34 no ano de 2000 e reeditado em 2006.

Esse primeiro evento de nosso III Ciclo de Seminários será uma iniciativa conjunta o Grupo de Pesquisa em Economia Política Contemporânea, coordenado pelo professores Eduardo da Motta e Albuquerque e João Antonio de Paula.

Estão todos convidados a participar da apresentação, a partir das 15h, no auditório 1070 da FACE-UFMG.



PS em 31/10/12: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário.

domingo, 6 de novembro de 2011

Ciclo de Seminários (3): Ana Maria Bianchi discute a HPE e a Metodologia no Brasil

Na próxima quinta-feira, 10/11, a Profa. Ana Maria Bianchi virá ao Cedeplar-UFMG para discutir o estado das artes das disciplinas de História do Pensamento Econômico e Metodologia no Brasil.

Ana Maria Bianchi
Doutora em sociologia pela Universidade de São Paulo, Ana Maria lecionou na Faculdade de Economia Administração e Contabilidade daquela instituição entre 1976 e 2011. Ali, coordenou o Programa de Pós-graduação em Economia do IPE e chegou a posição de professora titular. Aposentou-se no início desse ano, mas continua vinculada a USP como professora voluntária. Ana Maria foi também coordenadora da área de Economia junto à Capes.

Seus temas de pesquisa passam pelo estudo de aspectos do funcionamento do mercado de trabalho, além de tópicos relacionados à metodologia da economia e à história do pensamento econômico. É autora de A pré-história da economia: de Maquiavel a Adam Smith e de outros cinco livros, bem como de dezenas de artigos em periódicos e coletâneas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ciclo de Seminários (2): Ramón Fernández discute a Metodologia da Economia

Na próxima quinta-feira, dia 20/10, vamos receber no Cedeplar o Professor Ramón Garcia Fernández, que virá apresentar o segundo evento do Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico. Sua apresentação vai versar sobre as questões que, a seu ver, deveriam orientar as discussões atuais sobre Metodologia da Economia.

Ramón é bem conhecido entre os estudiosos de Metodologia. Nascido na Argentina, mas radicado no Brasil desde muito jovem, ele cursou sua formação na USP, onde doutorou-se em 1992 com uma tese em história econômica. De lá para cá, lecionou na PUC-SP, na UFPR e na FGV-SP, coordenando os programas de pós-graduação em economia dessas duas últimas instituições. Atualmente, é professor titular no Centro de Engenharia e Ciências Sociais (CECS) da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Seus interesses de ensino e pesquisa estão voltados prioritariamente para as áreas de metodologia da economia, microeconomia heterodoxa (institucionalista) e história econômica. No que diz respeito a primeira, Ramón foi um dos protagonistas dos estudos sobre a retórica da economia no Brasil, tema sobre o qual publicou diversos trabalhos.

Sua apresentação no dia 20/10 será baseada no texto 'A metodologia como argumento para uma economia pluralista', que está disponível para consulta. Tenho certeza de que teremos uma tarde proveitosa, de muita troca de ideias, para a qual estão todos convidados. Até lá!


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Interesses e economia

A crise econômica de 2008 deu início a um debate acalorado sobre a eventual responsabilidade da teoria econômica e dos economistas em relação aos fatos e políticas que levaram à crise. Não apenas a maioria da profissão foi incapaz de prever a iminência de uma ruptura de grandes dimensões, como boa parte da teoria convencionalmente aceita negava a própria possibilidade de uma crise dessa natureza. Essa controvérsia envolve aspectos teóricos e metodológicos, como também suscita a discussão de uma série de temas relacionados ao comportamento moral de professores e pesquisadores proeminentes da área.

O vídeo abaixo foi produzido por um grupo de historiadores do pensamento econômico responsáveis pelo blog History of Economics Playground, com o apoio do Institute for New Economic Thinking (INET). Ele reúne pesquisadores importantes como George Akerlof, Brad DeLong, Ha-Joon Chang, James Galbraith e outros, que apresentam sua visão sobre a dimensão ética do trabalho dos economistas e sobre o papel ideológico da teoria econômica. São opiniões diferentes acerca da presença ou não de conflitos de interesses na pesquisa e no trabalho de consultoria prestado por economistas acadêmicos, bem como sobre o efeito que esses interesses divergentes podem ter sobre a formulação de políticas econômicas.

Seria a economia uma ciência corrompida pelos objetivos e prioridades de bancos, empresas e governos que financiam o trabalho de pesquisadores "promovidos" a consultores? Assista o vídeo e conclua você mesmo.


sábado, 3 de setembro de 2011

John Locke e o valor do dinheiro

No próximo dia 15/09, quinta-feira, daremos início ao Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico do Cedeplar. Nosso primeiro convidado será Maurício Chalfin Coutinho, professor do Instituto de Economia da Unicamp, que virá apresentar o texto Locke and the quantity theory of money.

Maurício é um dos nossos maiores professores e pesquisadores na área de história do pensamento econômico. Nos últimos anos, seu trabalho tem se voltado prioritariamente para a investigação de temas do pensamento econômico brasileiro (a obra de Celso Furtado) e de tópicos em economia monetária dos séculos XVII e XVIII (autores como Barbon, Locke, Law, Berkeley, Cantillon, Steuart, Hume, Turgot, Smith e Thornton).

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ciclo de seminários em HPE no Cedeplar

O Cedeplar-UFMG, através de seu Grupo de Pesquisa em Metodologia e História do Pensamento Econômico, promoverá um ciclo de seminários ao longo do segundo semestre de 2011. A organização do ciclo está a sob minha responsabilidade e do meu colega Carlos Eduardo Suprinyak. Pretendemos atingir, essencialmente, dois objetivos:

. em primeiro lugar, promover uma maior integração entre os pesquisadores atuantes no Brasil nas áreas de História do Pensamento Econômico e Metodologia da Ciência Econômica, possibilitando a criação e a consolidação de laços de cooperação acadêmica inter-institucional no âmbito nacional;

. em segundo lugar, consolidar o Cedeplar e a UFMG como centros de referência no Brasil para todos aqueles envolvidos nessas duas frentes de pesquisa, sejam eles professores, pesquisadores ou estudantes de graduação e pós-graduação.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Krugman e o comércio interestelar

Mesmo tendo sido educado na tradição teórica da economia neoclássica, Paul Krugman tem sido um crítico importante das limitações características desta forma de pensar a economia. Num famoso artigo escrito há dois anos, ele discutiu a incapacidade dos economistas de prever a chegada da crise de 2008 e, mais do que isso, sua cegueira para até mesmo a possibilidade de que uma crise como aquela derrubasse os mercados financeiros:

"Few economists saw our current crisis coming, but this predictive failure was the least of the field’s problems. More important was the profession’s blindness to the very possibility of catastrophic failures in a market economy. During the golden years, financial economists came to believe that markets were inherently stable — indeed, that stocks and other assets were always priced just right. There was nothing in the prevailing models suggesting the possibility of the kind of collapse that happened last year."

domingo, 29 de agosto de 2010

Mishkin e a economia da Islândia

Dizer que os economistas erram sistematicamente em suas previsões é chover no molhado. Dizer que na imensa maioria das vezes eles se recusam a admitir os próprios erros, também. Mas há situações que vão além do simples erro teórico e envolvem a violação de princípios básicos de honestidade intelectual.

Frederic Mishkin
Este parece ser o caso do renomado Frederic S. Mishkin, professor na Graduate School of Business da Columbia University e pesquisador associado do National Bureau of Economic Research. Mishkin já foi consultor do Banco Mundial, do FMI e de vários bancos centrais, além de ter ocupado, entre 2006 e 2008, uma das diretorias do banco central americano, o Federal Reserve System.