sábado, 31 de dezembro de 2022

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Simon Clarke (1946-2022)

Simon Clarke faleceu na terça-feira (27/12).
 
Pouco conhecido no Brasil, mesmo entre os estudiosos da obra de Marx, foi menos lido ou citado do que devia. 
 
Alguns de seus livros são marcos importantes na literatura sobre as teorias do valor, das crises e do Estado, começando por Marx, marginalism and modern sociology (1982); Keynesianism, monetarism and the crisis of the state (1988); Marx's theory of crisis (1994); e o volume que organizou sobre The state debate (1991).
 
Foi também autor de vários estudos sobre relações de trabalho na Rússia, na China e no Vietnã.
 
Os originais (preprints) destes livros e do seu guia de leitura d'O Capital, bem como de vários artigos, podem ser encontrados na sua velha página pessoal no site na Universidade de Warwick.Também há algo no Libcom

RIP Simon Clarke (1946-2022).
 

sábado, 17 de dezembro de 2022

Um roteiro de livrarias em Belo Horizonte

 

Um comentário do Afonso Borges publicado no twitter e reproduzido na imagem ao lado me fez pensar no trajeto pelas livrarias de Belo Horizonte que eu fazia costumeiramente no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. Vamos ver se ainda me lembro...

Podia começar na Nossa Livraria da Tupis, em frente ao velho cinema, que era a mais próxima do ponto do meu ônibus. 
 
Dali à Vozes, na galeria entre Tupis e Espírito Santo. 
 
Depois na Itatiaia, na rua da Bahia.
 
Subindo a Rua da Bahia até o Maletta, visita obrigatória ao Zé Maria e suas pilhas de livros da Siglo XXI e da FCE. Um tesouro pra quem estudava ciências humanas.
 
Rápida passagem na Eldorado, antes de contornar o quarteirão e ir à Van Damme namorar os importados. Só mesmo pra namorar, porque na época havia o dólar-livro e eles eram caríssimos pro meu bolso de estudante. O poderoso ar-condicionado da loja era um alívio em dias de calor e chuva.
 
Dali, se o tempo permitisse, ainda podia fazer variações. Passar na Imprensa Oficial pra ver o Suplemento Literário, na Científica (na Espírito Santo, entre Augusto de Lima e Goitacazes), no Daniel Vaistman (mais abaixo na Espírito Santo), ou no Amadeu
 
Eu era feliz e sabia.
 
PS. Anos mais tarde, houve a Acaiaca, na São Paulo. Acho que nesta época meu roteiro já havia se mudado pras livrarias da Savassi, mas isso já é assunto pra outra postagem.
 

 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

O saudoso prédio da FACE-UFMG na Rua Curitiba

A imagem abaixo é uma uma perspectiva do belo e saudoso prédio na Rua Curitiba 832, esquina de Rua dos Tamoios, que foi sede da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG entre 1954 e 2007.
 
Agradeço ao Demilson Malta Vigiano por postar o desenho, que faz parte do acervo de plantas arquitetônicas sob a guarda do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, e à minha amiga, Tereza Bruzzi, que me chamou a atenção para o registro.
 
O projeto deve ser do final dos anos 1940 ou, mais provavelmente, do início da década de 1950, porque a Faculdade instalou-se ali em 1954, quando era diretor o Professor Yvon Leite de Magalhães Pinto. O prédio ainda estava em construção quando a Faculdade se mudou para lá: a fachada principal, na Rua Curitiba, estava concluída, mas a lateral, na Rua dos Tamoios, foi completada nos anos seguintes.
 
Segundo o registro, o autor do projeto foi o arquiteto Virgílio de Castro, que frequentou a primeira turma de estudantes da Escola de Arquitetura da UFMG e, mais tarde, se tornaria professor da mesma Escola.
 
O prédio foi a primeira sede própria da Faculdade de Ciências Econômicas (a FACE) e nele ficamos até o final de 2007, quando foi feita a mudança para o novo prédio do campus Pampulha.
 
 
Perspectiva do prédio que foi sede da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Nos 75 anos da revista Kriterion (1947-2022)

 

Num ano de tantas efemérides, é preciso lembrar que também estamos comemorando os 75 anos da revista Kriterion. Criada para ser a revista da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, ela é publicada atualmente sob a responsabilidade do Departamento de Filosofia da UFMG.

No editorial que abre o primeiro volume, o Professor Braz Pellegrino (1896-1969) -- então diretor da Faculdade, médico e professor de língua e literatura italiana, além de pai do escritor e psicanalista Hélio Pellegrino -- afirmava:
 
"Não é possível compreender-se uma Faculdade de Filosofia de cuja trama espiritual esteja ausente esta necessidade de criar, esta curiosidade intelectual que não se farta com o já feito mas procura incessantemente exercitar sua força em novos empreendimentos e novas pesquisas.
 
Desta busca renovada e renovadora se constitui, inclusive, o espírito universitário, infelizmente tão escasso entre nós, viciado que está por uma compreensão burocrática do conhecimento, como se uma universidade fosse apenas uma fábrica de técnicos e especialistas, e não de homens, humanizados pela ciência, pelo pensamento e pela beleza, capazes de desvendar horizontes novos e levar ao acervo cultural dos séculos a sua pequenina contribuição."
 
A revista, informava o editorial, pretendia assumir o papel de "porta-voz da cultura em terras de Minas", propondo-se a tarefa de arregimentar pessoas ligadas por "uma mesma espécie de interesse intelectual" e reunir contribuições nos campos das belas letras, da filosofia e da ciência, "em torno de um núcleo comum de trabalho".
 
O texto completava:
 
"A isto, a esta tarefa arregimentadora, nos propomos, com a melhor das intenções, dispostos a contribuir efetivamente para a marcha da cultura no Estado. Oxalá sejamos compreendidos".
 
É natural que a abrangência e o escopo da publicação tenham mudado ao longo destes três quartos de século. Com o passar do tempo, a publicação redefiniu-se como uma revista de filosofia e conquistou público e autores nacionais e internacionais. Não resta dúvida, porém, de que os objetivos propostos em 1947 foram alcançados. As inquietações e a compreensão do espírito universitário que animaram sua criação continuam atuais. Por esta razão, não é difícil para nós compreender as motivações dos seus iniciadores, convocados que estamos a combater o mesmo vício da "compreensão burocrática do conhecimento", ainda que sob novas formas.
 
Por tudo isso, fica o registro do meu singelo agradecimento a todos -- editores, autores, revisores, secretários e trabalhadores associados à produção gráfica da revista -- que cooperaram para mantê-la viva. Quem já se meteu neste tipo de empreendimento sabe ou pode imaginar toda sorte de dificuldades e obstáculos que tiveram que ser vencidos, e com certeza não foram poucos. 
 
Parabéns, Kriterion!
 
 

 

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Simone Pessoa, a livreira

 

Faz tempo desde a última vez que estive com a Simone. A pandemia e o isolamento dos dois últimos anos contribuíram para isso. Mas, mesmo antes, já não era com tanta frequência que nos encontrávamos na Ouvidor. Provavelmente, porque a mudança da FACE pro campus, em 2008, e o fim das cervejadas de sábado no bar do Jaime fizeram com que eu fosse bem menos frequente na Savassi. 
 
Ainda assim, é quase inconcebível pensar que ela não vai mais estar lá. Porque a Simone é tudo isso que está na matéria do jornal e é muito mais. Somos da mesma geração, temos referências em comum e sempre foi reconfortante chegar na Travessa ou na Ouvidor e ser atendido por ela com um sorriso e uma sugestão e, sobretudo, com a disposição de ouvir.
 
Custo a crer. Espero encontrá-la por aí. De qualquer modo, queria deixar registrado meu muito obrigado por ser quem é e pelo que fez por nós em todo este tempo. Seja feliz, Simone.
 
 
Simone Pessoa (foto de Túlio Santos)