quinta-feira, 18 de julho de 2019

Livreiros e seus clientes

Volta e meia me acontece: estou ali zapeando as estantes da livraria pela enésima vez quando "adentra o gramado" um cidadão ou cidadã que, dirigindo-se ao vendedor, pede aquele livro de capa amarela ou vermelha, com "um título assim, humm... como é mesmo?...".

Como não sou do tipo que deixa uma coisa destas passar em branco, paro tudo que estou fazendo e me volto para a cena, pronto pra admirar a paciência do livreiro que ainda arrisca uma pergunta: "você sabe o autor?". Geralmente a resposta não passa de um sorriso meio amarelado, seguido de uma descrição enfática da cor da capa -- "tenho certeza de que é azul!" -- e da expectativa de que o coitado do vendedor ponha a cabeça pra funcionar e apresente logo o volume desejado.

Nunca vi um livreiro dar as costas e desistir do caso. São gentis ao limite, mesmo quando não há qualquer outra pista além da cor. Vez por outra, eles sabem que estou me divertindo com aquilo tudo e, enquanto respondem solícitos ao cliente, ficam me olhando de volta como se dissessem "já não me basta o mico, você ainda tem que ficar aí me gozando?".

Não é fácil trabalhar em livraria, mas alguém tem que se divertir com o que acontece, né não?
(Obrigado, Renata, pela foto).

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