quinta-feira, 24 de maio de 2018

O velho Marx

Marcello Musto, professor da Universidade de York (Canadá), estará no Cedeplar-UFMG para apresentar um seminário sobre as pesquisas de Marx nos últimos anos de sua vida.

O evento, organizado pelo grupo de pesquisa em Economia Política Contemporânea, acontecerá na segunda-feira, 04/06, às 11h, no auditório 1 da FACE-UFMG e integra a série de Seminários do Programa de Pós-graduação em Economia.

O Professor Musto é autor do livro O Velho Marx, cuja tradução está sendo lançada no Brasil pela Editora Boitempo.

O seminário é aberto ao público interessado. Estão todos convidados!


The research of the late Marx

terça-feira, 22 de maio de 2018

Normas da ABNT para artigos acadêmicos



Olha aí, que beleza! Já está circulando a nova norma da ABNT pra você formatar seu artigo científico. Você paga R$54,60 (isso mesmo) pra obter a norma e ficar sabendo direitinho o que deve escrever em negrito, onde deve colocar o ponto ou a vírgula etc etc.

O mais curioso disso tudo é que as pessoas considerem as normas bibliográficas da ABNT como "oficiais", um modelo obrigatório com força de lei e que deve ser adotado em qualquer publicação ou instituição. Desconheço qualquer legislação que imponha seu uso e, se houvesse, tanto pior.

Pra piorar -- e talvez seja este o ponto que mais me incomoda --, a norma da ABNT para formatação de textos acadêmicos, ao contrário de outras que existem por aí, é desprovida de qualquer elegância: sua adoção torna qualquer texto imensamente feio. E, lamento reconhecer, ainda sou daqueles que consideram que uma publicação deve aliar bom conteúdo à boa forma, não devendo dispensar uma apresentação apurada e de bom gosto.

Finalmente, tem isso da ABNT cobrar (e cobrar caro) pelo simples acesso às suas normas. É algo que tem sido objeto de frequente contestação, inclusive judicial, mas continua valendo. A ABNT é uma instituição privada, "sem fins lucrativos e de utilidade pública", e recebe recursos públicos para custear seu funcionamento.

Desculpem pelo texto longo, mas esta é uma das minhas birras antigas. Tudo isso está bem explicado neste dois textos: o primeiro, tem mais de dez anos, mas continua atual; o outro, mais longo, é mais recente, mas aponta problemas que são antigos e continuam intocados.

Do primeiro texto, reproduzo a sugestão dirigida aos professores:
"Se você é docente, não imponha as normas da ABNT para os textos de seus alunos. Verifique se sua instituição define padrões próprios que não dependam da ABNT, ou procure por formatos definidos por outras instituições que atendam suas necessidades."


segunda-feira, 14 de maio de 2018

A pesquisa sobre a obra de Marx no âmbito do Cedeplar e da UFMG.

Em função das comemorações em torno dos 200 anos do nascimento de Karl Marx, a imprensa tem publicado várias matérias e comentários sobre suas ideias e sua influência.

Tomo a liberdade de chamar a atenção para uma matéria publicada no site da Universidade Federal de Minas Gerais com o título de "Pesquisadores da Face estudam manuscritos inéditos de Marx". Ela relata o trabalho que um grupo de pesquisadores do Cedeplar - entre os quais, este que vos escreve - vem desenvolvendo desde 2008 em torno da compreensão do sentido sentido teórico de alguns manuscritos inéditos de Marx. Ela é parte de uma série mais ampla de matérias sobre o pensador alemão.





Aproveito também para mencionar o artigo publicado no caderno Cultura & Estilo do jornal Valor Econômico com o título de "Marx: ontem, hoje e amanhã". A matéria foi publicada no final de abril e, ao lado de outros professores entrevistados pelo jornalista Cyro Andrade, faço alguns comentários sobre a atualidade da obra de Marx.

domingo, 6 de maio de 2018

Uma entrevista com Michael Heinrich na Ilustríssima

Meu amigo Silvestre chamou minha atenção para a entrevista com Michael Heinrich na Ilustríssima de hoje e eu agradeço a ele por isso. Gosto do que o Heinrich tem a dizer sobre Marx e recomendo a leitura pra quem mais se interessar pelo assunto. Adorei especialmente a frase do Egon Friedell que ele cita e que eu ainda não conhecia: "Marxistas são pessoas que nunca entenderam Marx". Pois é...

Por outro lado, é a Folha sendo a Folha. Reconheço que tentaram ser simpáticos mas, permitam a franqueza do comentário: acho incrível como não conseguem escapar de alguns lugares comuns. Por exemplo, parece que no Brasil é proibido falar em Marx sem mencionar FHC (ou Gianotti) e o famoso seminário uspiano sobre O Capital. É um caso extremo de paroquialismo movido, ao que parece, pela mais completa ignorância do que se passa em qualquer parte do Brasil que fique a mais de 100 km da Praça da Sé...

Outra coisa típica é esta salada de frutas de referências que vem a propósito de sei-lá-eu-o-quê. Pergunto: por que a entrevista com o Heinrich tem que ser antecedida de comentários sobre Zizek ou referências a Anderson, Badiou, Sarlo!?! Nada contra Zizek ou quem quer que seja, mas o que o "lé" tem a ver com o "cré"? São coisas inteiramente distintas... Perderam a oportunidade de apresentar o entrevistado, de comentar seu trabalho anterior, o que, penso eu, faria muito mais sentido.

Pra terminar, a inevitável pergunta sobre o Brasil!!! Eu lamento que o Heinrich não tenha simplesmente se negado a responder, mas o problema é bem menos a resposta dele e muito mais o de entender este mistério (que também vale pra outros entrevistados estrangeiros): por que é que os jornalistas e editores acham que um professor de Berlim que é biógrafo de Marx tem coisas importantes a dizer sobre o PT ou a política brasileira? Que tristeza...

Michael Heinrich

Novas biografias de Marx

Para quem é visto por aí como um pensador a ser esquecido, a última década foi até bem pródiga na publicação de novas e alentadas biografias de Karl Marx. Entre as que tiveram maior destaque, e que foram rapidamente traduzidas para o português, podemos mencionar os volumes escritos por Mary Gabriel, Jonathan Sperber, Gareth Stedman Jones.

Em 2018, o ano em que comemoramos o 200° aniversário do velho Mouro, são esperados vários lançamentos. Na Inglaterra, acaba de ser publicada a tradução inglesa da biografia escrita pelo sueco Sven-Eric Liedman, A World to Win: the Life and Works of Karl Marx. Uma resenha do livro, assinada por Adam Tooze, foi publicada anteontem no Financial Times.

Aqui no Brasil, além da biografia em quadrinhos de Anne Simon e Corinne Maier, é esperado o lançamento de um novo volume escrito por José Paulo Netto, que é por assim dizer o decano do marxismo brasileiro, e a publicação de uma tradução de O velho Marx, um pequeno livro de Marcello Musto, professor italiano radicado no Canadá, que trata exclusivamente dos dois últimos anos de sua vida.

Mas o lançamento mais aguardado, aqui e no exterior, é certamente da nova biografia escrita por Michael Heinrich, Karl Marx e o nascimento da sociedade moderna. Prevista para ocupar três grossos volumes, o primeiro deles acaba de ser publicado na Alemanha e deverá estar disponível em português até o final de maio (e, em seguida, em inglês, espanhol e francês). Trata do período entre o nascimento de Marx, em 1818, e o ano em que defendeu sua tese de doutoramento, 1841.

Não há nada de trivial em propor uma nova biografia de um autor sobre quem já se escreveu tanto e diante de quem parece impossível ficar indiferente. Além de um conhecimento seguro da história europeia no século XIX e da história das ideias em áreas tão diferentes como a filosofia, a política e a economia, é preciso conhecer o imenso legado teórico de Marx, boa parte do qual ainda está preservado na forma de manuscritos inéditos. Heinrich, sem dúvida, é um dos autores contemporâneos mais bem preparados para esta tarefa. Neste vídeo, produzido pela Editora Boitempo, ele explica as razões que o motivaram a escrever esta nova biografia, aponta as lacunas e falhas mais comuns nas tentativas dos biógrafos anteriores e enfatiza o fio condutor de sua pesquisa, proporcionado pela compreensão da estreita conexão entre a vida e a obra de Marx.



sábado, 5 de maio de 2018