Meu amigo Silvestre
chamou minha atenção para a entrevista com Michael Heinrich na
Ilustríssima de hoje e eu agradeço a ele por isso. Gosto do que o Heinrich tem a
dizer sobre Marx e recomendo a leitura pra quem mais se interessar pelo
assunto. Adorei especialmente a frase do Egon Friedell que ele cita e
que eu ainda não conhecia: "Marxistas são pessoas que nunca entenderam
Marx". Pois é...
Por outro lado, é a Folha sendo a Folha. Reconheço que tentaram ser
simpáticos mas, permitam a franqueza do comentário: acho incrível como
não conseguem escapar de alguns lugares comuns. Por exemplo, parece que
no Brasil é proibido falar em Marx sem mencionar FHC (ou Gianotti) e o
famoso seminário uspiano sobre O Capital. É um caso extremo de
paroquialismo movido, ao que parece, pela mais completa ignorância do
que se passa em qualquer parte do Brasil que fique a mais de 100 km da
Praça da Sé...
Outra coisa típica é esta salada de frutas de
referências que vem a propósito de sei-lá-eu-o-quê. Pergunto: por que a
entrevista com o Heinrich tem que ser antecedida de comentários sobre
Zizek ou referências a Anderson, Badiou, Sarlo!?! Nada contra Zizek ou
quem quer que seja, mas o que o "lé" tem a ver com o "cré"? São coisas
inteiramente distintas... Perderam a oportunidade de apresentar o
entrevistado, de comentar seu trabalho anterior, o que, penso eu, faria
muito mais sentido.
Pra terminar, a inevitável pergunta sobre o
Brasil!!! Eu lamento que o Heinrich não tenha simplesmente se negado a
responder, mas o problema é bem menos a resposta dele e muito mais o de
entender este mistério (que também vale pra outros entrevistados
estrangeiros): por que é que os jornalistas e editores acham que um
professor de Berlim que é biógrafo de Marx tem coisas importantes a
dizer sobre o PT ou a política brasileira? Que tristeza...
Michael Heinrich |
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