Há um novo número da revista Nova Economia na praça: é um número especial sobre armadilhas de renda média (middle income traps) com colaborações de autores da África do Sul, Austrália, Coréia do Sul e Índia, além de colegas do Brasil. São artigos derivados de apresentações feitas no seminário sobre Development, lock-ins, traps and catch up: India, China, South Africa, South Korea and Latin America, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em julho de 2019.
Com este número completa-se o volume 30 da revista e, com ele, os primeiros 30 anos de sua existência. Nova Economia foi lançada em 1990, quando João Antonio de Paula, o principal responsável por sua criação, era chefe do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG. Tinha a intenção de ser uma revista plural e interdisciplinar, que acolhesse temas e abordagens diversificados que, indo além dos limites da teoria econômica, auxiliassem a compreensão dos fenômenos econômicos. Compromissos que a revista procurou preservar ao longo de sua existência, apesar da frequente intolerância e exclusivismo teóricos e de intensa especialização que marcaram estas décadas.
Fui secretário editorial da revista entre 2000 e 2006, e seu editor entre 2006 e 2009, e continuo participando de seu comitê editorial. Sinto uma incontida satisfação de ter tomado parte em sua reformulação gráfica e sua modernização editorial. Foi um período de vencer desafios: buscar a internacionalização -- autores, pareceristas e leitores ligados a instituições de outros países --, o aumento da periodicidade, o início da publicação em meio eletrônico, a inclusão da revista em diferentes indexadores e bases bibliográficas, e muito mais.
Só quem viveu experiência semelhante sabe o trabalho e dedicação exigidos para levar a frente um projeto editorial como este, fora do eixo Rio-São Paulo e em condições muitas vezes adversa. Isso só reforça a minha gratidão por aqueles que apoiaram e participaram do trabalho desde a criação da revista: colegas da universidade, autores, pareceristas, revisores, editores e secretários editoriais, diagramadores, indexadores, gráficos, programadores visuais, artistas convidados, patrocinadores e tantos outros. Sim, tenho muitas razões para estar contente de ter participado desta história e para seguir participando.
Fico mais contente ainda de ver a revista prosseguir sua trajetória bem sucedida nas boas mãos do Gustavo Rocha e dos que tomam parte da equipe editorial -- atualmente, o João Prates Romero e o Alexandre Stein --, sem falar na colaboração da Tereza Carvalho a frente da curadoria de arte. Não vou dizer que é a melhor revista de economia do país porque sou mineiro e, sendo assim, é melhor afetar modéstia. Além de tudo, tendo participado intensamente deste projeto, sou suspeito pra afirmar qualquer coisa. Mas, convenhamos, ela é. Uma coisa faço questão de dizer: como é linda! Nem parece revista de economista.
Vida longa para a Nova Economia!