Uma
das peculiaridades da área de economia é o uso extensivo de working
papers como forma de divulgação preliminar de resultados de pesquisas.
São versões preliminares de textos escritos em formato de artigo, mas
que circulam previamente à sua efetiva publicação em revistas
acadêmicas, de modo que o argumento possa ser conhecido e discutido
antes do trabalho receber sua versão final.
Em larga medida, esta peculiaridade decorre dos imensos prazos de avaliação dos textos submetidos aos periódicos da área, que estimularam a busca por formas mais ágeis de divulgação dos resultados. Outras áreas também sofrem com o mesmo problema e acabaram adotando soluções próprias, mas em nenhuma que eu conheça o uso do formato working papers é tão antigo e disseminado, a ponto de praticamente cada departamento de economia dispor de uma série própria de "textos para discussão". Pra se ter uma ideia, a série do Cedeplar-UFMG, onde eu trabalho, começou em 1974, apenas seis anos depois da fundação do nosso programa de pós-graduação.
Com o tempo, o crescimento do número de séries e textos criou um novo problema: como assegurar uma divulgação ágil e abrangente dos textos publicados em cada série? De início, as bibliotecas universitárias tinham que demandar às diferentes instituições o envio de exemplares impressos de cada working paper lançado, o que foi se tornando algo difícil de administrar. Há 20 anos, um pequeno grupo de economistas buscou uma solução que fosse mais simples e eficiente para a disseminação da pesquisa em economia. Deste movimento surgiu o RePEc, que mudou por completo a situação.
O RePEc consiste num sistema de compartilhamento de metadados de publicações em economia (working papers, mas também artigos, livros e até softwares). Construído de forma inteiramente descentralizada, com custos de gestão e manutenção baixíssimos, a base é alimentada por uma legião de voluntários espalhados por cerca de 2.000 instituições do mundo todo. É um exemplo formidável de divisão do trabalho e cooperação, com resultados admiráveis.
Atualmente, o serviço indexa 2,3 milhões de itens de 8 mil séries diferentes, sendo 3 mil periódicos e 4,5 mil séries de working papers, boa parte dos quais tem acesso aberto. É uma ferramenta de pesquisa bibliográfica indispensável para quem trabalha na área de economia. Basta pensar que, somente no mês passado (outubro de 2018), foram realizados por meio dos diferentes serviços que empregam a base do RePEc um total de 496.854 downloads de textos e 1.885.141 consultas de resumos (abstracts).
Por menor que tenha sido minha contribuição para a construção do RePEc, tenho uma satisfação imensa de ter participado disso. Administrei por alguns anos os metadados e arquivos das séries de textos para discussão, livros e anais de seminários do Cedeplar. Colaborei também com dados de artigos da revista Nova Economia, e séries de textos da ABPHE e da ANPEC. Hoje, o trabalho nestas séries está a cargo de outros colegas que colaboram para manter as bases do RePEc ao lado de centenas de voluntários de 99 países.
Até hoje mantenho um perfil pessoal no RePEc onde é possível acessar a maior parte dos meus trabalhos acadêmicos e acompanhar as estatísticas atualizadas de acesso a estes textos.
Quem quiser conhecer mais sobre o RePEc pode começar por este artigo em comemoração aos seus 20 anos, ou simplesmente acessar um dos serviços disponíveis e começar a fazer suas buscas. Resultados é que não vão faltar.
Em larga medida, esta peculiaridade decorre dos imensos prazos de avaliação dos textos submetidos aos periódicos da área, que estimularam a busca por formas mais ágeis de divulgação dos resultados. Outras áreas também sofrem com o mesmo problema e acabaram adotando soluções próprias, mas em nenhuma que eu conheça o uso do formato working papers é tão antigo e disseminado, a ponto de praticamente cada departamento de economia dispor de uma série própria de "textos para discussão". Pra se ter uma ideia, a série do Cedeplar-UFMG, onde eu trabalho, começou em 1974, apenas seis anos depois da fundação do nosso programa de pós-graduação.
Com o tempo, o crescimento do número de séries e textos criou um novo problema: como assegurar uma divulgação ágil e abrangente dos textos publicados em cada série? De início, as bibliotecas universitárias tinham que demandar às diferentes instituições o envio de exemplares impressos de cada working paper lançado, o que foi se tornando algo difícil de administrar. Há 20 anos, um pequeno grupo de economistas buscou uma solução que fosse mais simples e eficiente para a disseminação da pesquisa em economia. Deste movimento surgiu o RePEc, que mudou por completo a situação.
O RePEc consiste num sistema de compartilhamento de metadados de publicações em economia (working papers, mas também artigos, livros e até softwares). Construído de forma inteiramente descentralizada, com custos de gestão e manutenção baixíssimos, a base é alimentada por uma legião de voluntários espalhados por cerca de 2.000 instituições do mundo todo. É um exemplo formidável de divisão do trabalho e cooperação, com resultados admiráveis.
Atualmente, o serviço indexa 2,3 milhões de itens de 8 mil séries diferentes, sendo 3 mil periódicos e 4,5 mil séries de working papers, boa parte dos quais tem acesso aberto. É uma ferramenta de pesquisa bibliográfica indispensável para quem trabalha na área de economia. Basta pensar que, somente no mês passado (outubro de 2018), foram realizados por meio dos diferentes serviços que empregam a base do RePEc um total de 496.854 downloads de textos e 1.885.141 consultas de resumos (abstracts).
Por menor que tenha sido minha contribuição para a construção do RePEc, tenho uma satisfação imensa de ter participado disso. Administrei por alguns anos os metadados e arquivos das séries de textos para discussão, livros e anais de seminários do Cedeplar. Colaborei também com dados de artigos da revista Nova Economia, e séries de textos da ABPHE e da ANPEC. Hoje, o trabalho nestas séries está a cargo de outros colegas que colaboram para manter as bases do RePEc ao lado de centenas de voluntários de 99 países.
Até hoje mantenho um perfil pessoal no RePEc onde é possível acessar a maior parte dos meus trabalhos acadêmicos e acompanhar as estatísticas atualizadas de acesso a estes textos.
Quem quiser conhecer mais sobre o RePEc pode começar por este artigo em comemoração aos seus 20 anos, ou simplesmente acessar um dos serviços disponíveis e começar a fazer suas buscas. Resultados é que não vão faltar.