No
último domingo, completaram-se 80 anos da morte de David Riazanov.
Preso e condenado em meio a uma onda brutal de repressão política, foi
executado e enterrado em 21 de janeiro de 1938, numa vala comum no
cemitério de Saratov. A data passou quase despercebida, mas ainda é
tempo de registrá-la e, sobretudo, de lembrar esta figura notável:
historiador e editor, pesquisador talentoso e leitor incansável, intelectual erudito e líder político apaixonado.
Riazanov foi um homem rumoroso e divertido, destemido e impetuoso, "o enfant terrible do Partido", alguém "organicamente incapaz de covardia". Um crítico de primeira hora dos descaminhos da Revolução Russa, recusou-se a silenciar sua oposição a atos do governo e do partido ou a abrir mão de sua independência pessoal. Defendeu com intransigência suas ideias e, enquanto foi capaz, valeu-se de sua língua ferina para expressar publicamente sua oposição a Stalin em diversas oportunidades, o que terminaria custando-lhe a vida.
Dono de uma memória e uma capacidade de trabalho impressionantes, os longos períodos que passou na prisão e no exílio não o impediram de deixar uma obra considerável. A ele devemos, sobretudo, a possibilidade de conhecer o legado teórico de Marx e Engels em sua integralidade, pois Riazanov foi o principal responsável por criar as condições para o efetivo desenvolvimento do projeto de uma edição crítica das obras dos dois pensadores alemães, reunindo uma equipe de pesquisadores qualificados para realizar o trabalho editorial e uma rede de contatos na Europa para reunir todo material necessário: os originais ou cópias de cartas, manuscritos, livros e o que mais fosse preciso para editar a Marx Engels Gesamtausgabe (MEGA). Se o projeto não chegou a bom termo, detido a meio caminho pelos desdobramentos do nazismo e do stalinismo, o trabalho de Riazanov e sua equipe foi essencial para que a ideia de editar a MEGA pudesse ser retomada nas últimas décadas.
A perseguição que sofreu custou a Riazanov não apenas sua vida, como também, por um bom tempo, a memória de seu legado. Anos atrás, tive a chance de escrever um pequeno texto sobre sua vida e seu trabalho e, deste modo, expressar o reconhecimento e a admiração que tenho por sua trajetória e sua obra. Das coisas que já escrevi, foi das que mais me gratificaram e achei que seria bom se hoje, e vez por outra, eu voltasse a falar de David Riazanov, este ser humano admirável. Está dito.
Riazanov foi um homem rumoroso e divertido, destemido e impetuoso, "o enfant terrible do Partido", alguém "organicamente incapaz de covardia". Um crítico de primeira hora dos descaminhos da Revolução Russa, recusou-se a silenciar sua oposição a atos do governo e do partido ou a abrir mão de sua independência pessoal. Defendeu com intransigência suas ideias e, enquanto foi capaz, valeu-se de sua língua ferina para expressar publicamente sua oposição a Stalin em diversas oportunidades, o que terminaria custando-lhe a vida.
Dono de uma memória e uma capacidade de trabalho impressionantes, os longos períodos que passou na prisão e no exílio não o impediram de deixar uma obra considerável. A ele devemos, sobretudo, a possibilidade de conhecer o legado teórico de Marx e Engels em sua integralidade, pois Riazanov foi o principal responsável por criar as condições para o efetivo desenvolvimento do projeto de uma edição crítica das obras dos dois pensadores alemães, reunindo uma equipe de pesquisadores qualificados para realizar o trabalho editorial e uma rede de contatos na Europa para reunir todo material necessário: os originais ou cópias de cartas, manuscritos, livros e o que mais fosse preciso para editar a Marx Engels Gesamtausgabe (MEGA). Se o projeto não chegou a bom termo, detido a meio caminho pelos desdobramentos do nazismo e do stalinismo, o trabalho de Riazanov e sua equipe foi essencial para que a ideia de editar a MEGA pudesse ser retomada nas últimas décadas.
A perseguição que sofreu custou a Riazanov não apenas sua vida, como também, por um bom tempo, a memória de seu legado. Anos atrás, tive a chance de escrever um pequeno texto sobre sua vida e seu trabalho e, deste modo, expressar o reconhecimento e a admiração que tenho por sua trajetória e sua obra. Das coisas que já escrevi, foi das que mais me gratificaram e achei que seria bom se hoje, e vez por outra, eu voltasse a falar de David Riazanov, este ser humano admirável. Está dito.
David Riazanov (1870-1938) |