Marx Pokémon, por Existential Comics. A estória completa pode ser vista aqui.
Curiosidades sobre tudo que me interessa: de filosofia a romances policiais, de economia a imagens que dispensam qualquer comentário.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Socialismo ou barbárie
Na última semana, postei um texto escrito por Rosdolsky em que ele retoma a
famosa expressão "socialismo ou barbárie". Rosdolsky atribui a origem dessa
divisa a Engels. Ao fazê-lo, provavelmente ele estava apenas seguindo
Rosa Luxemburgo, que popularizou o slogan na famosa Brochura Junius, um texto escrito na prisão,
em 1915, e publicado em 1916. Naquele texto,
Rosa afirmava:
A
verdadeira origem dessa expressão, no entanto, tem sido objeto de
controvérsia. A maioria concorda em atribuí-la a Engels, mas há
considerável incerteza e polêmica em torno de qual texto desse autor
corresponderia exatamente àquele que Rosa fez referência.
Outros intérpretes, como é o caso de Michael Löwy, seguem a mesma tese, mas enfatizam o sentido inteiramente novo que a expressão ganhou nos escritos de Rosa.
Recentemente, porém, deparei com um texto de Ian Angus, que argumenta que o verdadeiro autor do
slogan seria, nem mais nem menos, Karl Kautsky.
O argumento de Angus é engenhoso e, apesar disso, pouco conhecido. Até onde sei, não houve nenhuma crítica frontal ou refutação de sua tese, ao contrário, ela encontrou uma acolhida favorável entre alguns dos mais importantes estudiosos do período. Como o próprio Angus registra, seu comentário é parte de um movimento de releitura e reavaliação da influência e importância do Kautsky, inclusive quanto sua relação com Lenin. É uma das coisas curiosas de lidar com história das ideias, essa possibilidade de, com o tempo, redescobrir aquilo que no passado devia soar óbvio mas, por alguma razão, ficou esquecido ou oculto para os que vivem em outro contexto. Fica o registro.
“Friedrich Engels disse uma vez: a sociedade burguesa encontra-se perante um dilema - ou a passagem ao socialismo ou regressão à barbárie (...) Hoje, encontramo-nos, exatamente como Friedrich Engels previu há uma geração, 40 anos atrás, perante a escolha: ou triunfo do imperialismo e decadência de toda a civilização (...) ou vitória do socialismo...”
Rosa Luxemburgo (1871-1919) |
Outros intérpretes, como é o caso de Michael Löwy, seguem a mesma tese, mas enfatizam o sentido inteiramente novo que a expressão ganhou nos escritos de Rosa.
Karl Kautsky (1854-1938) |
O argumento de Angus é engenhoso e, apesar disso, pouco conhecido. Até onde sei, não houve nenhuma crítica frontal ou refutação de sua tese, ao contrário, ela encontrou uma acolhida favorável entre alguns dos mais importantes estudiosos do período. Como o próprio Angus registra, seu comentário é parte de um movimento de releitura e reavaliação da influência e importância do Kautsky, inclusive quanto sua relação com Lenin. É uma das coisas curiosas de lidar com história das ideias, essa possibilidade de, com o tempo, redescobrir aquilo que no passado devia soar óbvio mas, por alguma razão, ficou esquecido ou oculto para os que vivem em outro contexto. Fica o registro.
terça-feira, 19 de julho de 2016
Roman Rosdolsky (1898-1967)
Roman Rosdolsky
nasceu há exatos 118 anos, em 19 de julho de 1898. Nasceu em Lvov, que à época
era parte do Império Austro-Húngaro e, hoje, uma cidade da Ucrânia.
Foi, ao lado de Isaak Rubin, um dos mais importantes intérpretes da obra
econômica de Marx.
João Antonio de Paula escreveu um artigo que eu tive o prazer de publicar em Nova Economia e que é a melhor informação biográfica sobre Rosdolsky disponível em português.
Numa memória escrita em 1956 sobre os anos em que foi prisioneiro em Auschwitz, Rosdolsky conta o seguinte diálogo, que é esclarecedor de sua compreensão do socialismo, que continua tão atual:
João Antonio de Paula escreveu um artigo que eu tive o prazer de publicar em Nova Economia e que é a melhor informação biográfica sobre Rosdolsky disponível em português.
Numa memória escrita em 1956 sobre os anos em que foi prisioneiro em Auschwitz, Rosdolsky conta o seguinte diálogo, que é esclarecedor de sua compreensão do socialismo, que continua tão atual:
"Why do I write about this? Why reopen old wounds? Let me just recall one small episode. It was in the camp, on Sunday, after lunch. A group of prisoners were lying on their bunks and talking about the end of the war, which they expected was approaching. A young Pole, Kazik, turned to an older prisoner, whom everyone called “the professor,” and asked him: “Professor, what will happen to Auschwitz after the war?”
“What do you think should happen? answered “the professor.” “We’ll go home.”
“Don’t talk nonsense, professor,” said Kazik. “No one here will get out alive.”
“That’s true,” said the professor. “But, still, the living should not abandon hope [words of the Polish poet Juliusz Stowacki]! And as for Auschwitz itself, the new Poland will build a great museum here and for years delegations from all of Europe will visit it. On every stone, on every path, they’ll lay a wreath: because each inch of this earth is soaked with blood. And later, when the barracks collapse, when the roads are overgrown with grass and when they have forgotten about us, there will be new and even worse wars, and even worse bestialities. Because humanity stands before two possibilities: either it comes up with a better social order or it perishes in barbarism and cannibalism.”
The unfortunate professor was only repeating the words already spoken by the socialist thinker Friedrich Engels 80 years ago. I had heard them several times before the war. But in the bunks of Auschwitz they sounded more real and more correct than ever in the past. And who today, after all the Auschwitz’s, Kolymas, and atom bombs, can doubt the truth of these words?"
Roman e Emily Rosdolsky. |
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