Os
últimos dias de Karl Marx foram marcados pelo sofrimento causado pela
morte de Jenny, sua filha mais velha, em 11 de janeiro daquele ano de
1883, e pelas dores provocadas pela doença que o acometeu.
Rouco a
ponto de mal poder falar, sem apetite e com dificuldade de engolir
alimentos e, finalmente, com um abcesso no pulmão, ele permaneceu em seu
quarto sem poder trabalhar, lendo romances franceses e catálogos de
editores.
Numa carta escrita a Friedrich Sorge, Engels contava
que naquelas semanas, toda vez que ele se dirigia à casa de Marx para
visitá-lo, temia, ao chegar em sua rua, encontrar as cortinas da casa
abaixadas em sinal de luto.
Numa quarta-feira, 14 de março, há
exatos 138 anos, ele chegou à casa de Marx por volta das 14h30 e
encontrou a família em lágrimas. Helene Demuth subiu ao quarto para verificar se Marx poderia receber o amigo e o encontrou adormecido.
Retornou a sala e convidou Engels a subir. Quando entraram no quarto,
encontraram Marx sem pulso ou respiração: "num intervalo de dois minutos
ele havia falecido, em paz e sem dor".
O funeral foi realizado
três dias depois, no cemitério de Highgate. Marx havia pedido uma
cerimônia simples e restrita a um pequeno grupo. Foi sepultado no mesmo túmulo em que Jenny, sua esposa. Compareceram apenas onze pessoas, que
ouviram o discurso que Engels pronunciou a beira da sepultura e que
terminou com estas palavras: "Seu nome perdurará através dos séculos,
assim como sua obra". Engels nunca esteve tão certo.
Marx não dirigiu nenhuma revolução vitoriosa, não criou nenhum partido duradouro, nem sequer concluiu a obra teórica a qual dedicou seus melhores anos de vida. Seu legado, porém, continua vivo até hoje, porque as questões que formulou continuam sendo as questões incontornáveis do nosso tempo e não há razão alguma para supor que, para enfrentá-las, podemos renunciar a sua reflexão.
Viva Marx!
A última foto de Marx, feita em Argel, em fevereiro de 1882. |
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