Bruce Caldwell e a necessidade da história do pensamento econômico

Não me recordo mais de quando foi a primeira vez que ouvi falar de Bruce Caldwell mas foi, certamente, a propósito do seu primeiro livro, Beyond positivism.

Lançado em 1982, o volume teve um papel importante naquele momento de renascimento do interesse de economistas acadêmicos por temas de metodologia da economia e teoria da ciência. Derivado de sua tese de doutoramento, o livro faz uma revisão abrangente da trajetória da filosofia da ciência no século XX - do positivismo lógico até Kuhn, Lakatos e Feyerabend - e dos debates metodológicos no interior da mainstream da economia - Robbins, Hutchison, Samuelson, Machlup e Friedman. Rejeitando os preconceitos positivistas que prevaleciam entre os economistas, Caldwell concluiu o livro com a defesa de um certo tipo de pluralismo metodológico pouco usual naquela época.


Nos anos seguintes, ele lecionou teoria econômica, metodologia e história do pensamento econômico na University of North Carolina, em Greensboro. Além de publicar artigos e capítulos de livro, organizou seis volumes sobre metodologia da economia e a escola austríaca, entre os quais a coletânea The Philosophy and Methodology of Economics. Tornou-se também o editor geral das Collected Works of F. A. Hayek. Em 2004, publicou uma biografia intelectual de Hayek que mereceu o título de livro do ano, concedido pela European Society for the History of Economic Thought, e que rendeu a Caldwell o reconhecimento público, acompanhado da crítica de um leitor agudo como Philip Mirowski.

Em 2008, Caldwell deixou a UNC-Greensboro para tornar-se professor da Duke University, assumindo a direção do Center for this History of Political Economy, criado para promover a pesquisa e o ensino da história do pensamento econômico por meio de um programa de bolsas para alunos e pesquisadores, além de seminários e outros eventos. Na entrevista reproduzida abaixo, Caldwell comenta os objetivos do centro, fala sobre sua trajetória profissional e expõe sua visão sobre a importância do ensino de história do pensamento econômico. Em particular, ele argumenta com muita propriedade sobre a necessidade de reintroduzir essa disciplina nos cursos americanos de graduação e pós-graduação em economia, de onde ela foi virtualmente eliminada.