A Folha publicou recentemente uma beleza de matéria pra quem é daquela geração que pegou os tempos áureos das enciclopédias e, dentre elas, a Barsa. Trabalho escolar naquela época era sinônimo de "consultar a enciclopédia". Não sei que fim levou a coleção que havia lá em casa, mas a Mirador Internacional, editada pelo Houaiss, eu guardo até hoje (e olhe que me toma um espaço precioso!).
Algumas coisas parecem se repetir na memória das pessoas que viveram o fetiche da Barsa. Aquele nome estranho no último verbete do último volume (Zwingli), por exemplo. A beleza das capas vermelhas gravadas com letras douradas. O fato de que os livros costumavam ficar numa prateleira mais alta da estante, o que, lá em casa, rendeu alguns tombos mais ou menos graves na tentativa temerária de alcançar algum volume. A pretensão de ler todos os volumes -- li alguns -- assim, de enfiada, verbete por verbete. E, claro, o preço altíssimo da coleção, criando a prática do pagamento em prestações. Também pudera: eram muitos volumes, com encadernação luxuosa e papel de boa qualidade, sem falar no custo da produção do texto.
O artigo me fez lembrar ainda da figura do vendedor de bibliotecas, um sujeito bem apessoado e de boa conversa, que era recebido na sala de visitas das casa de classe média e carregava uma mala com exemplares de amostra dos pesados volumes, além de folders explicativos e cópias de contratos. Profissão extinta, até onde sei. Bem que cabia como personagem de O fim do sem fim, mas não lembro de ver a figura no filme.
O texto traz algumas informações que eu não tinha e que chegam a ser chocantes. Entregar o verbete de Brasília pro Niemeyer não me parece uma ideia sensata, muito menos a ideia de confiar o verbete sobre Ayrton Senna pra sua irmã escrever... insano. Também fiquei surpreso de saber que ainda são vendidos volumes impressos da Barsa, não mais de porta em porta, mas por meio do site BarsaShop, uma modernidade... A propósito, os 18 volumes estão sendo vendidos pela bagatela de R$2.695,00. É preço promocional, quase comprei, mas me contive a tempo...
Por fim, fiquei curioso de ler a dissertação do Pedro Terres, citada no texto. E curioso, também, de saber o nome do autor da matéria, omitido sem dó pela Folha. Ah, a Folha... Outrora tão importante, hoje... mas isso já é outro assunto.