domingo, 6 de maio de 2018

Uma entrevista com Michael Heinrich na Ilustríssima

Meu amigo Silvestre chamou minha atenção para a entrevista com Michael Heinrich na Ilustríssima de hoje e eu agradeço a ele por isso. Gosto do que o Heinrich tem a dizer sobre Marx e recomendo a leitura pra quem mais se interessar pelo assunto. Adorei especialmente a frase do Egon Friedell que ele cita e que eu ainda não conhecia: "Marxistas são pessoas que nunca entenderam Marx". Pois é...

Por outro lado, é a Folha sendo a Folha. Reconheço que tentaram ser simpáticos mas, permitam a franqueza do comentário: acho incrível como não conseguem escapar de alguns lugares comuns. Por exemplo, parece que no Brasil é proibido falar em Marx sem mencionar FHC (ou Gianotti) e o famoso seminário uspiano sobre O Capital. É um caso extremo de paroquialismo movido, ao que parece, pela mais completa ignorância do que se passa em qualquer parte do Brasil que fique a mais de 100 km da Praça da Sé...

Outra coisa típica é esta salada de frutas de referências que vem a propósito de sei-lá-eu-o-quê. Pergunto: por que a entrevista com o Heinrich tem que ser antecedida de comentários sobre Zizek ou referências a Anderson, Badiou, Sarlo!?! Nada contra Zizek ou quem quer que seja, mas o que o "lé" tem a ver com o "cré"? São coisas inteiramente distintas... Perderam a oportunidade de apresentar o entrevistado, de comentar seu trabalho anterior, o que, penso eu, faria muito mais sentido.

Pra terminar, a inevitável pergunta sobre o Brasil!!! Eu lamento que o Heinrich não tenha simplesmente se negado a responder, mas o problema é bem menos a resposta dele e muito mais o de entender este mistério (que também vale pra outros entrevistados estrangeiros): por que é que os jornalistas e editores acham que um professor de Berlim que é biógrafo de Marx tem coisas importantes a dizer sobre o PT ou a política brasileira? Que tristeza...

Michael Heinrich

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