quarta-feira, 31 de outubro de 2012

III Ciclo de seminários: Laura Valladão discute Marshall e a reforma social

Na próxima segunda-feira, dia 05/11, acontece mais uma atividade do III Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico, promovido pelo Grupo de Pesquisa em Metodologia e HPE do Cedeplar-UFMG. Dessa vez, vamos trazer ao Cedeplar a Profa. Laura Valladão Mattos, que virá apresentar um seminário sobre Marshal e a reforma social.

Laura Mattos é professora do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Seus trabalhos abordam da teoria econômica e da filosofia social de autores como Adam Smith, John Stuart Mill e Alfred Marshall. Ela é autora de artigos publicados em revistas nacionais e internacionais e do livro Economia política e mudança social: a filosofia econômica de John Stuart Mill (São Paulo: Edusp, 1998), que resultou de sua tese de doutoramento em Economia na USP.

O texto-base de sua apresentação está disponível para consulta.


PS em 07/11/12: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Marx, o caderno B113 e a crise

Estive há duas semanas no Instituto de Economia da Unicamp, a convite dos Professores Maurício Serra e Simone Deos, para apresentar um seminário com o mesmo título desse post: Marx, o caderno B113 e a crise.

Karl Marx, ilustração de Cássio Loredano
"Mas o que é o tal caderno B113?", perguntará o leitor. É um dos quase 200 cadernos de excertos, manuscritos deixados por Marx, contendo longas e minuciosas anotações sobre livros e outras publicações de economia, história, filosofia e outras áreas científicas que ele estudou ao longo de sua vida. São extratos que ele copiou, resumiu e comentou em cadernos redigidos para seu uso pessoal. Esse material segue, até hoje, inédito e, deste modo, inacessível ou desconhecido para a imensa maioria dos pesquisadores de sua obra.

Esse é um tema que tem frequentado a minha agenda de pesquisa nos últimos anos: a edição das obras de Karl Marx e os seus manuscritos inéditos. Algum tempo atrás, escrevi um artigo sobre David Riazanov e a primeira tentativa de editar a Marx-Engels-Gesamtausgabe, as obras completas de Marx e Engels. O texto foi publicado em 2010 na revista Economia, editada pela Anpec, e pode ser acessado por meio do link abaixo:
Hugo E. A. da Gama Cerqueira. David Riazanov e a edição das obras de Marx e Engels. Economia, v. 10(1): 199-215, 2010.

Posteriormente, a investigação sobre o tema evoluiu no âmbito dos trabalhos do grupo de pesquisa em Economia Política Contemporânea do Cedeplar-UFMG, que contaram com o apoio inestimável dos professores Rolf Hecker e Michael Krätke e resultaram no texto que serviu de base para minha apresentação na Unicamp. Trata-se de um artigo escrito a muitas mãos e que agora está disponível em meio eletrônico no site da Review of Radical Political Economics:
Joao Antonio de Paula, Hugo E. A. da Gama Cerqueira, Alexandre Mendes Cunha, Carlos Eduardo Suprinyak, Leonardo Gomes de Deus, and Eduardo da Motta e Albuquerque. Notes on a Crisis: The Exzerpthefte and Marx's Method of Research and Composition. Review of Radical Political Economics, 2012. DOI 10.1177/0486613412458648.

Além de apresentar o caderno B113, o artigo sugere sua importância para a compreensão dos aspectos financeiros e monetários das crises econômicas que Marx investigou depois de publicar o primeiro livro de O Capital. Como afirma o resumo:
"The contents of this notebook reveal a systematic effort to investigate new features of financial markets and institutions which were spreading throughout Europe during the 1860’s, and which were put in sharp evidence by the events that surrounded the Overend, Gurney crisis in England, in 1866. Besides offering valuable clues with respect to Marx’s method of investigation and composition, the relevance of the themes comprised in the notebook for the analysis developed in part five of Capital’s volume III suggests that these manuscript excerpts and notes were part of the preparatory material for a future revision of that book, which Marx was never able to carry through."

A pesquisa continua.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

III Ciclo de seminários: Claudia Heller discute a função emprego de Keynes

Claudia Heller
Nessa semana daremos continuidade ao III Ciclo de Seminários em Metodologia e História do Pensamento Econômico do Cedeplar. Para apresentar o segundo evento dessa série, convidamos a Profa. Claudia Heller, que virá a Belo Horizonte no dia 17/10, quarta-feira, para nos falar sobre Keynes e a função emprego.

Claudia Heller é professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Sua pesquisa acadêmica gira em torno de temas de teoria econômica e de história do pensamento econômico.

Ela é autora de artigos sobre Keynes, Hicks, Harrod e Robinson, além de um livro premiado - Oligopólio e Progresso Técnico no Pensamento de Joan Robinson (São Paulo: Hucitec, 2000) -, que resultou de sua tese de doutoramento em Economia na Unicamp.

Os textos que servirão de apoio a sua apresentação já estâo disponíveis para consulta: O modelo Z-D e a função emprego e Keynes's slip of the pen. Como sempre, o seminário será aberto a participação de todos os interessados.


Keynes e a função emprego


PS em 31/10/12: confira abaixo um pequeno registro fotográfico do seminário.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sobre o Nobel de Economia

Está aberta a temporada de anúncio dos ganhadores do Prêmio Nobel. Já foram divulgados os nomes dos ganhadores dos prêmios de física, medicina e química. Resta saber quem vai levar a premiação em literatura e pela paz. E, é claro, resta saber também quem será o ganhador do Nobel em economia.

Ocorre que, a rigor, não existe um prêmio Nobel de economia: essa disciplina não foi mencionada no testamento de Alfred Nobel que estabeleceu a criação do prêmio. Porém, em 1968 o Sveriges Riksbank - o banco central da Suécia - decidiu fazer uma doação a Fundação Nobel para permitir a criação de uma premiação em memória de Alfred Nobel e destinada a homenagear os economistas que deram contribuições relevantes para o desenvolvimento de sua disciplina. Algo no mesmo espírito, portanto, do Prêmio Nobel de outras áreas. De lá para cá, a Real Academia de Ciências da Suécia já escolheu 69 ganhadores em 43 edições do Prêmio. No próximo dia 15 de outubro, segunda-feira, será indicado o nome do ganhador (ou dos ganhadores) do Prêmio em 2012. As apostas já estão abertas.

O que pouca gente sabe é que razões que levaram o banco central sueco a criar esse prêmio e que consequências ele teve para a profissão de economista. Esse é justamente o tema do comentário de Phil Mirowski no vídeo abaixo, que vale a pena ser visto, especialmente nesse período.




Philip Mirowski é professor de economia e de história e filosofia da ciência na University of Notre Dame. É o autor de alguns dos mais interessantes trabalhos em história do pensamento econômico, metodologia da economia e economia da ciência. De More heat than light (1989) a Machine dreams (2001), de The effortless economy of science? (2004) a ScienceMart™ (2010), sua pesquisa enfatiza as relações entre a economia e as outras ciências, bem como as relações entre essas disciplinas e o contexto social mais amplo em que se desenvolveram. Seu texto é sempre instigante e repleto de ideias novas e ousadas. Uma leitura que faz pensar, mesmo que nem sempre se possa concordar com o argumento. Para conhecer um pouco mais sobre sua biografia e seu trabalho, esse texto é um bom começo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Críticas ao Qualis: um esclarecimento



Mal foi divulgado o novo Qualis da área de Economia e as críticas já começaram aqui e acolá. À luz do que eu disse em postagem anterior, é muito natural que elas existam e algumas são, a meu ver, pertinentes. Outras, porém, não se justificam e decorrem em larga medida do desconhecimento ou de ideias equivocadas a respeito do que é o Qualis. É fundamental notar que o Qualis não é e nem pode ser um ranking de revistas de Economia. Ele é, antes de tudo, uma ferramenta da Capes para a avaliação da pós-graduação da área de Economia. Dito isso, é preciso reconhecer que ele também é usado por outras instituições, como universidades e o CNPq, e para outros fins, como a avaliação de pesquisadores ou candidatos a vagas docentes, o que pode ser (e frequentemente é) um uso ainda mais problemático.

De todo modo, quando se tem em mente o objetivo da Capes ao criar essa ferramenta, algumas coisas que a primeira vista soam estranhas passam a fazer sentido. Por exemplo, há quem se surpreenda com a inclusão de uma revista como o International Journal of Hydrogen Energy no Qualis da área de Economia. A surpresa se explica pela expectativa de que o Qualis de Economia seja um ranking de periódicos dessa área. O que faz a Hydrogen Energy aí? A explicação, no entanto, é simples: queiramos ou não, o Qualis de Economia deve incluir todas as revistas em que algum professor de um programa de pós-graduação em Economia publicou um artigo. Esse artigo é parte da produção científica da área e deverá ser considerado para efeito da avaliação do programa de pós-graduação em que esse docente leciona.