terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os melhores romances policiais de 2011


É começo de ano e, por pura ociosidade, resolvi fazer uma lista dos melhores romances policiais que eu li no último ano. Não é, portanto, uma seleção entre todos os lançamentos de 2011, mas uma lista daqueles que mais gostei entre os romances lançados em 2011 e que pude ler.

São cinco livros de autores que eu já conhecia bem: dois escoceses (Rankin e Samson), dois escandinavos (Nesbo e Mankell) e uma francesa (Vargas). O sexto é de Indridason, um autor nórdico menos conhecido (ao menos para mim). A lista é essa:

Ian Rankin. Denúncias (tradução de Álvaro Hattnher, Cia das Letras, 2011).

Ian Rankin é um escritor escocês consagrado pela série de 17 livros protagonizados pelo detetive John Rebus. Iniciada em 1987 com Knots and crosses e concluída vinte anos mais tarde com Exit music,  a série teve 10 episódios adaptados para televisão. No Brasil, só três volumes foram publicados pela Cia das Letras: Questão de sangue (2007), Os ressuscitados (2008) e O enigmista (2010).

Denúncias, lançado originalmente em 2009 com o título de The complaints, é o primeiro romance de uma nova série cujo personagem central é o inspetor Malcolm Fox, da Divisão de Denúncias (The Complaints and Conduct Department) da Polícia de Lothian and Borders, em Edimburgo. A exemplo de Rebus, Fox é um homem dividido e atormentado, às voltas com o alcoolismo, crises pessoais e dilemas morais que o tornam um perfeito exemplar dos personagens da vertente contemporânea do romance policial escocês, aquilo que já se convencionou chamar de Tartan Noir. Agora é torcer para que a editora lance outro livro de Rankin em 2012.


Jo Nesbo. A estrela do diabo (tradução de Grete Skevik, Editora Record, 2011).

A exemplo de Rankin, Jo Nesbo nasceu em 1960 e é autor de uma série muito bem-sucedida de livros policiais protagonizados por um personagem atormentado e cativante, o inspetor Harry Hole. Nesbo nasceu e reside em Oslo, na Noruega, onde também são ambientadas suas estórias. Graduou-se em economia(!), tentou uma carreira como jogador de futebol, trabalhou no mercado finaceiro e ainda é o vocalista e compositor da banda pop norueguesa Di Derre.

Em 1997, Nesbo publicou Flaggermusmannen (homem morcego), o primeiro dos nove livros da série com Harry Hole, que recebeu os prêmios Rivertonprisen, de melhor romance policial norueguês do ano, e o sueco Glasnyckeln, de melhor romance policial nórdico. No Brasil, a Record já havia publicado o terceiro e o quarto volumes da série: Garganta vermelha e A casa da dor. A estrela do diabo é o quinto volume e foi publicado originalmente em 2003 e não deixa nada a desejar em relação aos anteriores.

Henning Mankell. O homem de Beijing (tradução de George Schlesinger, Cia das Letras, 2011).

Mankell dispensa apresentações. Dos autores escandinavos de romances policiais é, ao lado de Stieg Larsson, o mais bem conhecido entre nós. Seus livros com as estórias do inspetor Kurt Wallander começaram a ser publicados no Brasil há dez anos, quando a Cia das Letras lançou por aqui uma tradução de Assassinos sem rosto (2001). Depois desse, vieram outros quatro volumes: A leoa branca (2002), Os cães de Riga (2003), O guerreiro solitário (2010) e O homem que sorria (2006).
O homem de Beijing  (Kinesen) é protagonizado por um novo personagem, a juíza distrital Birgitta Roslin. A trama se desenvolve entre a corrida do ouro e a expansão capitalista nos Estados Unidos do século XIX e os dilemas atuais da política e da economia chinesas, sem perder o fôlego. Muito bom.




Fred Vargas. Um lugar incerto (tradução de Dorothée de Bruchard, Cia das Letras, 2011).
Outro livro de autor e personagens bem conhecidos no Brasil. Frédérique Audoin-Rouzeau é uma historiadora e arqueóloga francesa, que trabalhou no CNRS e no Instituto Pasteur, pesquisando a epidemiologia da peste negra. Mas é também a autora de romances policiais que assina com o pseudônimo de Fred Vargas.

Entre os seus livros, destaca-se a série protagonizada pelo delegado Jean-Batiste Adamsberg, diretor da Birgada Criminal de Paris. Adamsberg é um comissário de polícia pouco ortodoxo, sonhador, intuitivo e inteiramente desprovido de qualquer método de investigação. Seu contraponto é o comandante Adrien Danglard, seu assistente, um homem metódico e dono de um conhecimento enciclopédico. A dupla apareceu pela primeira vez em 1992, em L'homme aux cercles bleus, que no Brasil foi publicado em 2006 como O homem dos círculos azuis. Depois vieram outros nove títulos, dos quais quatro traduzidos para o português: Fuja logo e demore para voltar (2004), O homem do avesso (2005), Relíquias sagradas (2009) e, agora, Um lugar incerto.

Arnaldur Indridason. O silêncio do túmulo (tradução de Álvaro Hattnher, Cia das Letras, 2011).
Dos livros dessa pequena lista, esse é o único escrito por um autor que eu ainda não conhecia bem. Indridason tem 50 anos: nasceu e mora em Reykjavík. Estudou história e trabalhou como jornalista e crítico, até começar a escrever seus romances. Em 1997, foi publicado o primeiro livro da série com as estórias do inspetor Erlendur, que chegou ao 11° volume em 2010. Destes, só um havia sido traduzido e publicado no Brasil, pela Record: A cidade dos vidros (2008), que deu origem a um filme com o título de Jar city.

O silêncio do túmulo
, lançado por outra editora, é ainda melhor que o livro anterior e rendeu a Arnaldur a gold dagger, a mais alta premiação conferida anualmente pela associação britância de escritores de romances policiais.





C. J. Samson. Revelação (tradução de Felipe José Lindoso, Ed. Record, 2011).
Samson nasceu e  passou sua infância em Edimburgo. Doutorou-se em história e trabalhou por algum tempo como advogado antes de se dedicar a escrever romances ambientados no século XVI, durante o reinado de Henrique VIII.

Dos cinco livros da série protagonizada pelo advogado Matthew Shardlake, quatro foram traduzidos e lançados pela Record: Dissolução (2005), Fogo negro (2007), Soberano (2008) e, agora, Revelação (2011). Só o último, Heartstone, continua inédito aqui.

Revelação
é um dos melhores da série. A estória se passa em 1543 e Shardlake volta a se encontrar com o Arcebispo
Cranmer e a se envolver com as disputas políticas e religiosas na corte ao tentar descobrir o responsável por uma série de crimes inspirados em passagens do Apocalipse.

É isso. Nada mal para um ano que teve ainda dois livros de P. D. James (Causas nada naturais e Mortalha para uma enfermeira), um de Andrea Camilleri (A paciência da aranha), um de John Harvey (o autor de Cinza e osso, que eu não conhecia) e um romance de estréia interessante (Atestado de óbito, de M. R. Hall).



3 comentários:

  1. oi Hugo
    tinha acabado de ler um romance policial (os nove dragões, michael Connelly) e procurava alguma indicação literária pra seguir lendo no mesmo gênero. Cheguei por acaso no seu blog e adorei suas resenhas. Já estou com dois livros aqui (O Homem de Beijing já tinha lido) - denúncias e o silencio do túmulo. Valeu!!

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  2. Sugiro incluir tambem os livros da Donna Leon

    Andre

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    1. André,
      também gosto do livros da Donna Leon, mas a lista acima limita-se aos melhores livros entre os que li em 2011. Nesse ano, salvo engano, não foi lançado nenhum título dela em português. Mas você vai ver que na minha lista dos melhores de 2012 estão incluídos os dois livros dela publicados naquele ano: http://meugabinetedecuriosidades.blogspot.com.br/2013/05/os-melhores-romances-policiais-de-2012.html
      Abraço!

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